14 de out. de 2016

Corações e Mentes (zona morta)

Caro Coração
Não foi tão difícil encontra-lo... Talvez me arrisque a deixá-lo sentido, dizendo as coisas assim tão claramente. Não consegui tirar isso da cabeça, de modo que mandei que seguissem a sua pista, conforme você diz em sua carta. E pelos mesmos motivos, não posso deixá-lo em paz, conforme você pediu. Assim, você está livre e desembaraçado quanto a isso, isso eu pude fazer e fiz... e com grande prazer, posso acrescentar.
Em volta de alguns dos seus recortes havia as suas anotações, seus esforços dolorosos para endireitar as coisas da sua parte, de uma vez por todas. “O problema é até que ponto dever ser difíceis as providências a tomar? Eu poderia ter alterado o resultado? Quais teriam sido as consequências dessas escolhas pra mim?”.
Você protesta dizendo que não pode aceitar. Eu digo que pode e deve. Eu segui sua pista, e se você sair daí vou segui-lo até o Japão, me considero mais como um Cão do céu. Lembro daquele dia que você me disse para não o sacrificar, eu quase o fiz.
Eu dizendo com toda a virtude dos totalmente burros: ‘não faço isso, não me peça'. Bem, eu podia ter feito alguma coisa. É isso que me atormenta. Portanto acredite quando digo que não quero persegui-lo: na verdade estou ocupado demais perseguindo a mim mesmo, para poder querer perder esse tempo. Acho que passarei ainda alguns anos fazendo isso. Estou pagando por me recusar a acreditar em qualquer coisa que eu não possa tocar com os meus cinco sentidos.
Outras vezes parece que aquela época está pertinho, que ate posso tocar, que, se eu pudesse te abraçar ou tocar no seu rosto ou na sua nuca, eu a levaria comigo para um futuro diferente, sem dor, trevas ou escolhas amargas. Bem... nós todos fazemos o que podemos, e tem que ser bastante bom... E se não for bastante bom, tem que servir. “Nada jamais se perde. Nada que não se possa encontrar”.
Sinto muito que você tenha achado necessário partir com tanta pressa, mas acho que entendo. Nós todos esperamos te ver em breve.


Lembranças... Cérebro