2 de ago. de 2016

Entardecer de Segunda-feira

Olhando para esse céu alaranjado, me lembro das tardes ouvindo aquele álbum que você adorava do Joy Division. Era a trilha sonora daquela tristeza que sentia tao profundamente, mas estava tao entorpecido matando a minha saudade de outro alguém. Que não ouvia os gritos mudos do meu peito. Não entendia que estava triste simplesmente por uma falsa alegria, aquelas letras tristes e arrastadas cantadas naquele álbum "Unknon Pleasures", sentia na pele versos como "Eu, espere por mim!".
Minha escolha que me torturava tão silenciosamente que nem eu mesmo sentia ao certo, a cada céu nublado daquele apertado mês de agosto em que te deixei ir embora, como o fim das musicas entrando em fade out. Eu estou feliz atualmente, apesar daquela decisão não ter feito sentido, pouco depois eu descobri que não levaria a nada o rumo que tomei. Os maiores inimigos são as memórias e por mais que tentem me impedir de escrever eu não vou parar. 
Quase ninguém entende que escrevendo a gente domina as memórias e escraviza a dor, se não elas acabam nos possuindo (pelo menos as pessoas que sentem mais com o coração do que falam com a boca). O que eu desperdicei em você da ultima vez? Sabe... felicidade é um poço que todo mundo possui, eu bebi do seu e muito, apesar de você dizer na cara dura que não foi feliz um segundo ao meu lado, eu sei que é mentira, é claro, não digo isso por pretensão não, sua boca mente, mas seus olhos nem tanto.
Eu to bem e ando bebendo em outros poços, assim como você. Olhando novamente para a janela nessa tarde de segunda o céu não esta mais laranja, a tarde não é mais tarde, agora se inicia uma noite quente. Em meu coração não existe tempestade e divisão, mas existe um poço enorme para quem quiser beber.